Deficit Primário: O que os economistas estão dizendo?
A atual alta no déficit primário do setor público consolidado tem gerado preocupações entre economistas. Existe um crescente receio em relação à ampliação de despesas, à dinâmica da dívida e às possíveis frustrações com as receitas esperadas. Para pintar um quadro mais claro desta situação, vamos analisar os últimos relatórios e observações dos principais especialistas e instituições financeiras.
A posição do Banco Central
O Banco Central revelou recentemente um déficit primário de R$ 37,3 bilhões em novembro de 2023. Esse valor é significativamente maior que o déficit de R$ 20,1 bilhões registrado em novembro de 2022. A atual conta negativa em 12 meses é de R$ 131,4 bilhões, equivalente a 1,22% do PIB, um aumento de 0,15 ponto percentual desde outubro.
Visão do Banco Inter
Rafaela Vitoria, economista chefe do Banco Inter, assinalou duas preocupações principais nesse cenário deteriorante: o crescimento de despesas permanentes e o custo elevado da dívida gerado pela falta de perspectiva de melhoria fiscal. Vitoria prevê um crescimento contínuo do déficit primário consolidado, finalizando o ano em aproximadamente 1,4%, ou cerca de R$ 150 bilhões, isso sem levar em consideração o pagamento dos precatórios de R$ 90 bilhões decidido recentemente.
Goldman Sachs e o Fator Fiscal
Para o Goldman Sachs, a política fiscal expansionista atual, combinada com a relutância do governo em controlar as despesas, prejudica seriamente a credibilidade das metas fiscais. A instituição argumenta que o cenário fiscal incerto contribui para manter as expectativas inflacionárias não alinhadas com a meta de 3,0%.
Análise da XP
A XP Investimentos ressalta a rápida deterioração das contas, passando de um excedente de R$ 14,8 bilhões em setembro para um déficit de R$ 37,3 bilhões em novembro. Segundo a XP, o superávit primário modesto nos governos regionais e a persistente tendência negativa tornam o panorama fiscal ainda mais desafiador.
O Alerta do Itaú
O Itaú também reforça que os riscos fiscais permanecem elevados, levantando dúvidas sobre o compromisso do governo com a meta fiscal. Qualquer mudança antecipada da meta de resultado primário ou uma decisão de não realizar o contingenciamento fiscal previsto pode prejudicar a credibilidade da estratégia do governo e exigir um ajuste dependente de um maior aumento de receitas.
Conclusões
Em geral, o consenso entre os especialistas é claro: a situação fiscal atual é preocupante e exige uma estratégia de ajuste cuidadosa para evitar um impacto econômico negativo. A atenção agora se volta para as possíveis ações do governo e suas implicações para o déficit primário e a dívida fiscal no futuro.