A desaceleração da economia brasileira prevista para 2024 vem sendo amplamente discutida por analistas, que projetam uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente 1,5%, uma redução significativa se comparada ao crescimento estimado em 3% para 2023. A composição do crescimento econômico para o próximo ano sugere uma contribuição mais modesta do setor agrícola, contrastando com um potencial aumento dos investimentos e da atividade produtiva devido à trajetória de queda da taxa básica de juros, a Selic.
As projeções atuais, amparadas pelas análises de dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que o setor agropecuário, apesar de sua importância na economia, não exibirá o mesmo vigor que demonstrou em 2023, quando alcançou taxas de crescimento expressivas em seus dois primeiros trimestres. Especialistas como Carlos Kawall da Oriz Partners e Ricardo Aragon da Matriz Capital apontam para um Agronegócio mais comedido, particularmente nas exportações orientadas à China, cuja economia enfrenta um processo de desaceleração. Leonardo Costa, economista da ASA Investments, corrobora esse prognóstico, destacando que, embora o Agro tenha sido um dos motores do crescimento em 2023, suas expectativas para 2024 são mais contidas.
Por outro lado, um cenário animador se desenha para outras áreas da atividade econômica. Com a política monetária propiciando um ambiente com menores taxas de juros, espera-se uma revitalização do crédito e, consequentemente, impactos positivos no consumo das famílias e nos investimentos. Kawall salienta que, com a continuação da redução da Selic, o crédito e o desendividamento poderiam exercer papel fundamental na dinâmica econômica de 2024. Thiago Xavier, da Tendências Consultoria, vislumbra ganhos em setores mais sensíveis a mudanças na política monetária, como a indústria de transformação, que, embora tenha recuado em 2023, mostra-se pronta para uma retomada no ano seguinte.
No que diz respeito ao segmento de serviços, a perspectiva é de desaceleração. A taxa de crescimento que foi projetada em 1,9% para o setor pode sofrer uma leve redução, porém ainda se encontra amparada pela possibilidade de expansão de áreas como a administração pública e os aluguéis. Observa-se também uma esperança de recuperação nos investimentos que ficaram estagnados ao longo de 2023, com um aquecimento ainda que gradual, sobretudo pela sua contribuição à indústria de transformação e ao setor extrativo, este último impulsionado particularmente pela promissora indústria petrolífera.
A tendência geral para 2024, conforme delineada por André Nunes de Nunes do Sicredi, é a manutenção dos principais motores de crescimento de 2023, porém em um ritmo menos intensivo. O mercado de trabalho, a despeito de sinais de arrefecimento, ainda se manterá em aquecimento, favorecendo a desalavancagem das famílias e beneficiando-se dos efeitos positivos de uma política de juros mais amena. A análise de Marco Antonio Caruso do PicPay introduz a consideração de fatores cíclicos e não-cíclicos influenciando o ritmo econômico, além de mudanças no contexto macroeconômico global, que sugerem um cenário de contenção nos juros e no PIB.
Em síntese, embora se espere uma desacelerada no crescimento, a estrutura da economia brasileira para 2024 sugere uma fase ainda dinâmica, com ajustes setoriais e impactos das políticas monetária e fiscal modelando um novo contorno para o PIB.