Na avaliação recente do Banco Central do Brasil, ainda se observa que os núcleos de inflação estão mais altos do que os índices pré-pandemia, revelando um cenário em que a economia se adapta após os choques provocados pelo contexto global. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, comentou sobre a retomada de uma tendência de desinflação, destacando que esse processo ocorre em dois estágios distintos: inicialmente impulsionado por itens voláteis e administrados e num segundo momento, pelas categorias nucleares da inflação.
Durante a coletiva de imprensa, foi enfatizado que, apesar dos sinais de desinflação estarem presentes, os níveis ainda excedem os patamares anteriores à pandemia. Este fenômeno é parte de um processo contínuo e pelas observações do Banco Central, há indicativos de que os aspectos externos apresentam-se menos adversos e voláteis.
Um ponto relevante que foi ressaltado diz respeito à queda do índice de commodities (IC-Br), que aferiu um decréscimo significativo no mês anterior, sustentando uma redução acumulada no ano e se estendendo ao comparativo de doze meses. Este recuo reflete mudanças no cenário econômico e tem seu papel na dinâmica inflacionária.
Guillen abordou também as surpresas positivas na inflação recente, influenciadas pelas variações no preço do petróleo e bens industriais, juntamente com o efeito de eventos de vendas como a Black Friday. Ademais, o impacto do fenômeno climático El Niño foi identificado particularmente nos preços dos alimentos.
Olhando para o contexto internacional, especificamente para os Estados Unidos, o diretor apontou que por lá cerca de dois terços da desinflação dos núcleos já ocorreram, e um terço ainda é necessário para atingir os objetivos de metas de inflação norte-americanas. A interação entre inflação e rendimentos foi contemplada no debate com a noção de que o mercado de trabalho apertado pode ser um vetor para a manutenção de índices inflacionários residuais do período pré-crise.
Este panorama reforça a compreensão de que o cenário econômico é complexo e multifacetado, com diversos fatores influenciando os movimentos inflacionários, os quais requerem monitoramento constante e ajustes políticos cuidadosos para assegurar a estabilidade e promover um crescimento sustentável.