Cortes de Juros nos EUA: Perspetivas de Kenneth Rogoff
O banco central norte-americano, o Federal Reserve (Fed), não deve realizar os seis cortes nas taxas de juros em que os investidores estão apostando para 2024, a menos que os EUA de alguma forma sucumbam a uma recessão profunda. Este cenário foi traçado por Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard e ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Visão de Rogoff
“Isso é um sonho impossível. Se tivermos uma aterrissagem suave, isso não vai acontecer. Teremos dois ou três (cortes)”, afirmou Rogoff em declarações à Bloomberg TV, no Resort suíço de Davos, onde ocorre o Fórum Econômico Mundial.
Recessão Profunda
Por outro lado, Rogoff considera que, no caso de uma recessão profunda, os cortes nas taxas não seriam limitados a seis, mas poderiam vir a ser até 15. Ele esboça que as chances de uma queda acentuada no cenário econômico têm uma possibilidade de cerca de 25%.
Perspectivas desafiadoras
Rogoff partilha de uma visão menos otimista comparada à maioria dos participantes no Fórum Econômico Mundial. Ele expressou preocupações relativas ao panorama econômico, dizendo que não pode concordar com a visão de que o ano será bom quando tantas coisas estão correndo mal.
“Parece haver este consenso em Davos – mas eu diria de forma mais ampla nos EUA – de que não será tão bom quanto 2023, que foi surpreendentemente bom, mas não será ruim. A inflação vai cair e pouso suave”, disse ele.
Volatilidade e instabilidade geopolítica
Somente acrescentando mais incerteza ao futuro, Rogoff chamou a atenção para a complexidade da atual situação geopolítica. Ele considera a questão “diferente de tudo que já vi na minha vida profissional”, o que pode trazer consigo o potencial de maior volatilidade na inflação. Rogoff vê um cenário que lembra os desafios dos anos 70, em meio a uma “segunda Guerra Fria”.
“Não está de todo ruim, quero dizer, poderíamos ter um bom ano, mas isso está realmente pairando sobre nossas cabeças”, finalizou.