A Core Scientific, afetada pelo que chamou de “inverno cripto”, entrou com um pedido de falência nesta quarta-feira, 21. A principal corporação de mineração de bitcoin vem enfrentando dificuldades há algum tempo e já havia anunciado a probabilidade de quebrar. A ideia é recuperar judicialmente e renegociar dívidas com investidores.
A queda no valor do bitcoin e o aumento nos custos de operação causaram um desequilíbrio que teve um efeito negativo nas empresas de mineração ao longo de 2022. Outros exemplos de fracasso também não ajudaram a aumentar a esperança de investidores, que continuam aguardando uma melhora na situação atual.
“A Core Scientific é outro exemplo de uma companhia que está sofrendo com o mercado atual, caracterizado por altas taxas de juros e dificuldades para quitar dívidas contraídas para aumentar suas atividades”, disse Ricardo Alcofra, diretor de ativos digitais no BTG Pactual. Em 2022, o banco central americano aumentou a taxa de juro diversas vezes, o que intensificou a aversão ao risco entre investidores.
A Core Scientific apresentou um pedido de falência do Capítulo 11 em um tribunal de falências localizado no Distrito Sul do Texas, nos Estados Unidos. Esse procedimento é similar a um pedido de recuperação judicial no Brasil.
O valor total dos danos causados pela mineradora está entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões, segundo a solicitação. A empresa tem entre mil e 5 mil credores, sendo o maior deles o B. Riley, que ofereceu empréstimos para evitar a falência.
Em outubro, a mineradora disse à SEC que poderia ficar sem dinheiro até o fim do ano e, por isso, deixaria de pagar equipamentos, financiamentos e notas promissórias com vencimento entre outubro e novembro.
A queda do bitcoin e o aumento da eletricidade podem ser os principais fatores que afetaram a Core Scientific e outras empresas de mineração de criptomoedas.
O setor tem enfrentado dificuldades desde o início do ano, agravadas pelo fato da rede Ethereum ter adotado a prova de participação, deixando de minerar. Outras empresas que também tiveram sucesso, contribuíram para a crise no setor, como na FTX, mais recentemente.
A Core Scientific, com 143 mil máquinas e hospedando outras 100 mil, era a maior mineradora de bitcoin do mundo e sua falência pode ter um impacto negativo significativo para o setor.
“É provável que mais e mais companhias sigam o mesmo rumo, à medida que o custo do bitcoin permanece em patamares reduzidos e o hashrate ainda está elevado em comparação ao preço”, disse Alcofra. O bitcoin está sendo negociado a US$ 176.854 agora, tendo uma queda de quase 65% no ano.
A Core Scientific transformou-se numa companhia listada na bolsa de valores após uma fusão com a Power & Digital Infrastructure Acquisition, no início deste ano. Suas ações caíram 98% desde então, conforme o Yahoo Finance. Durante os últimos cinco dias, a cotação, contudo, aumentou em cerca de 40%.