Após um primeiro semestre de 2025 marcado por alta volatilidade, influenciada por fatores como a política de Donald Trump, novas regulações, guerras comerciais e conflitos militares, o mercado de criptomoedas ainda oferece oportunidades significativas para investidores no segundo semestre. Especialistas como Guilherme Prado (diretor de operações da BitGet), Marcello Cestari (analista da Empiricus Asset) e Theodoro Fleury (gestor e diretor de investimentos da QR Asset) debateram o cenário no programa “Onde Investir no Segundo Semestre de 2025” do Seu Dinheiro, apontando perspectivas e ativos promissores.
O bitcoin (BTC), maior criptomoeda do mercado, manteve-se como foco central, oscilando entre US$ 76 mil e picos de US$ 112 mil na primeira metade do ano. Apesar da pressão macroeconômica decorrente das tarifas impostas por Trump, o ativo digital conseguiu sustentar o patamar psicológico dos US$ 100 mil e agora busca novos horizontes. Guilherme Prado, da BitGet, projeta que o BTC pode alcançar a marca de US$ 1 milhão “algum dia”, mas o consenso entre os painelistas é mais imediato: US$ 150 mil ainda em 2025.
Fatores impulsionadores e riscos para o Bitcoin
Entre os principais vetores de alta para o bitcoin, destacam-se o possível corte de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, os avanços regulatórios e o crescente interesse institucional. A concretização dos cortes de juros nas próximas reuniões do Fed é vista como um fator chave para que o bitcoin atinja a meta de US$ 150 mil, além da contínua adoção institucional. Por outro lado, incertezas geopolíticas, como o desenrolar da guerra no Oriente Médio, ainda representam riscos significativos para o mercado, conforme análise de Prado:
“O desdobramento da guerra vai ser muito importante para entendermos qual vai ser o direcionamento do bitcoin”
.
Altcoins em destaque e estratégias para iniciantes
Para investidores com perfil mais arrojado, as altcoins — moedas digitais alternativas ao bitcoin — mantêm um potencial considerável. Ethereum (ETH) e Solana (SOL) continuam no radar, mesmo após um início de ano desafiador. Theodoro Fleury, da QR Asset, vislumbra uma possível correção positiva para o ETH, afirmando:
“Houve um erro na execução do roadmap. Eles parecem estar cientes do que fizeram e dispostos a corrigir”
. Marcello Cestari, da Empiricus, acrescenta que o ethereum pode se beneficiar com a eventual aprovação do staking em fundos negociados em bolsa (ETFs), citando que
“O ethereum ganha destaque, principalmente por conta da possibilidade de aprovação do staking. A BlackRock, por exemplo, já tem um fundo tokenizado dentro da blockchain”
. A Solana, por sua vez, é esperada para aproveitar a expansão das finanças descentralizadas (DeFi) como plataforma de base.
Para quem está começando no mercado de criptomoedas, Guilherme Prado sugere o DCA (Dollar Cost Averaging), uma estratégia de compra periódica com valores fixos, independentemente do preço.
“É uma forma de entrar no mercado de maneira gradual, de acordo com seu apetite de risco”
, explica o diretor de operações da BitGet. Fleury, da QR Asset, endossa a recomendação:
“É uma estratégia boa para mitigar risco”
. Já para perfis conservadores, as stablecoins com rendimento, como as IUD stablecoins — moedas digitais atreladas ao dólar que pagam juros sobre o valor investido —, surgem como uma alternativa interessante, permitindo dolarizar parte da carteira com rendimento mesmo diante da instabilidade do real.
Mercado amadurecido, mas atento a desafios
O primeiro semestre de 2025 evidenciou o amadurecimento do mercado de criptoativos. Apesar do cenário global conturbado, houve avanços institucionais, progresso regulatório e um fortalecimento estrutural do setor.
“Para a nossa surpresa, a gente não teve tanta volatilidade quanto imaginávamos. Isso mostra a maturidade que o setor está passando”
, resumiu Prado. O bitcoin, em particular, funcionou como um porto seguro digital, superando recordes anteriores e descolando-se da instabilidade das bolsas.
“Ele conseguiu se destacar nesse ambiente de incerteza”
, complementa Fleury, reforçando o papel do BTC como reserva de valor.
No âmbito regulatório, a aprovação do Genius Act nos Estados Unidos e o fim de processos judiciais trouxeram mais clareza, impulsionando a institucionalização do setor, com mais fundos e empresas adotando criptoativos. No entanto, desafios persistem, com a guerra no Oriente Médio e a instabilidade econômica global mantendo o alerta ligado para os investidores. Quedas em ações de tecnologia nos EUA também indicam que a volatilidade ainda pode se manifestar em momentos de estresse.
Ao final do primeiro semestre, o mercado cripto demonstra-se mais resiliente e com alicerces institucionais sólidos, porém ainda sujeito a choques externos. A recomendação dos especialistas para os próximos meses é equilibrar ousadia e cautela, monitorar de perto os desdobramentos regulatórios e geopolíticos, e priorizar ativos com fundamentos claros e adoção real. Com essa abordagem, o segundo semestre de 2025 ainda pode ser profícuo para os investidores em criptomoedas.