Uma movimentação significativa no mercado de fundos imobiliários pode culminar na saída do RBR Alpha Multiestratégia (RBRF11) da B3, a bolsa brasileira. A RBR Asset, gestora responsável pelo FII, está avançando com a proposta de incorporá-lo ao RBR Plus Multiestratégia (RBRX11), uma operação que vinha sendo discutida no setor desde abril deste ano e que, nesta terça-feira (22), deu um passo importante para se concretizar.
A incorporação envolve a convocação de assembleias gerais extraordinárias (AGEs) para duas decisões cruciais. Primeiro, será votada a quinta emissão de cotas do RBRX11, no valor total de R$ 1,3 bilhão. Em seguida, os cotistas do RBRF11 votarão a subscrição dessas novas cotas, o que representa a efetivação da união entre os dois fundos. É importante notar que, por ambos pertencerem ao mesmo grupo, a RBR Asset, a transação naturalmente levanta a questão do conflito de interesses, um ponto que a gestora já informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado.
Impactos da Incorporação para os Cotistas
Se a operação for aprovada, a principal consequência para os atuais cotistas do RBRF11 será a sua liquidação, ou seja, o fundo deixará de existir individualmente. Em contrapartida, eles receberão cotas do RBRX11, transformando sua participação. A proporção exata para essa troca ainda será divulgada, mas a expectativa é de que o novo fundo resultante da união se torne um gigante no mercado.
Com a incorporação, o RBRX11 passará a deter um patrimônio líquido de R$ 1,47 bilhão e reunirá mais de 130 mil cotistas, tornando-se um dos maiores fundos imobiliários multiestratégia da B3. A gestora também projeta um aumento considerável na liquidez do fundo, com a expectativa de movimentar cerca de R$ 3 milhões por dia, um fator crucial para os investidores que buscam maior facilidade para comprar e vender cotas.
Mudanças Regulatórias e Tendências do Mercado
Para viabilizar a incorporação, o RBRX11 precisará passar por uma série de alterações em seu regulamento, que também serão submetidas à votação em AGE. Dentre as modificações propostas, destacam-se a permissão para que as cotas sejam integralizadas, ou seja, pagas, em bens e direitos, e a inclusão da possibilidade de recompra de cotas. Este último ponto é uma novidade no mercado, visto que programas de recompra de FIIs na bolsa foram aceitos pela CVM apenas a partir de maio deste ano. Até o momento, apenas o Arch Edifícios Corporativos (AIEC11) havia aprovado uma operação desse tipo, mostrando o RBRX11 alinhado às novas flexibilizações regulatórias.
As alterações propostas pela RBR Asset para o RBRX11 não se limitam apenas à forma de integralização e recompra. Há também uma proposta de modificação nos critérios de elegibilidade para a aquisição de cotas de FIIs e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que possuam algum tipo de conflito. Essas mudanças visam adaptar o fundo a um cenário mais dinâmico e complexo do mercado financeiro.
Os cotistas de ambos os fundos terão um prazo importante para se manifestar sobre a proposta. Segundo os documentos encaminhados à CVM, eles terão até o dia 20 de agosto para expressar suas considerações e votos nas respectivas assembleias. O resultado dessas votações definirá o futuro do RBRF11 e a nova configuração de um dos maiores fundos multiestratégia do mercado brasileiro.
