O índice que mede os fundos imobiliários (Ifix) da B3 fechou mais uma vez em queda pelo quinto dia seguido, caindo 0,21%, chegando aos 2.935 pontos. Mais uma vez no menor nível desde o fim de agosto.
Diante as perdas sequenciais, o IFIX fechou no maior recuo semanal (-1,95%) desde meados de novembro de 2021.
A pior semana do ano
Vitor Matias, consultor da SVN Investimentos, avaliou que o índice de referência do setor passou por uma reviravolta muito forte nos últimos dias, dentre os quais o índice vem apresentando queda vertiginosa.
“Mas o IFIX está alinhado com o movimento do mercado de juros, que reagiu aos discursos do presidente eleito Lula sobre a questão fiscal, além da incerteza quanto aos nomes que vão compor a equipe econômica”, comenta.
Preocupações com o risco fiscal nos mercados financeiros provocaram forte sentimento negativo para os ativos domésticos, com o índice Ibovespa caindo 4% em uma sessão sangrenta ontem, enquanto o dólar americano subiu na mesma proporção. Enquanto isso, o IFIX registrou sua maior queda percentual em um dia desde 5 de janeiro.
“O índice recuou nos últimos dias após se estabilizar em outubro, à medida que os fundos imobiliários se aproximam das expectativas de taxas futuras”, acrescentou Matias.
No pregão, os fundos que se destacaram foram o BTG Pactual Fundo de CRI (FEXC11), com alta de 3,83%, enquanto o Bluemacaw Logística (BLMG11) foi o maior perdedor no fechamento, com queda de 3,01%.
Os fundos do tijolo fecharam mais uma vez em baixa na B3
Matias destacou que os fundos de tijolo confirmaram a desvalorização do Ifix, com o FII XP Properties (XPPR11) fechando a semana em queda superior a 9%. Embora o VBI Prime Properties Fund (PVBI11) tenha contrariado a tendência, registrou o maior ganho semanal de 3,74%.
“Além da manutenção do papel-moeda atrelado à inflação, em meio ao período de três meses de deflação, a valorização não foi retomada por conta dos descontos de cotas”, disse.
Danny Gampel, sócio de crédito privado da Cy.capital, lembrou que os fundos físicos foram fortemente afetados pela pandemia de covid-19, com altas taxas de vacância.
No entanto, segundo ele, com as taxas de juros caindo no futuro, isso permite que os investidores vejam uma oportunidade nessa área, pois o valor de mercado se desvaloriza em relação ao valor contábil.
Sobre a inflação, ele disse que os mercados financeiros sabiam que a deflação seria temporária, subindo novamente em outubro após três meses consecutivos de sinais negativos.
No entanto, ele observou que, durante o período de transição do governo, será necessário observar a recente volatilidade do mercado.