O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, em discurso a parlamentares aliados, preciso mudar a forma de olhar para determinados gastos públicos e que a questão social deve ser colocada à frente de questões que, segundo ele, são de Interesse apenas no mercado financeiro.
Ele criticou “essa estabilidade fiscal”, os tetos de gastos e perguntou por que o país tinha uma meta de inflação, mas nenhuma meta de crescimento. A declaração de Lula, feita durante a sua primeira visita ao centro cultural do Banco do Brasil, não foi popular entre os economistas que viam sinais de aumento de gastos no próximo ano e risco de aumento da dívida pública.
Como resultado, o dólar valorizou 4,1%, o seu maior ganho diário desde março de 2020, para 5,39 reais. Em ações, o índice IBOVESPA caiu 3,35%, para 119.775, a sua maior queda desde novembro de 2021.
— Por que fazer as pessoas sofrerem para garantir a estabilidade financeira deste país? Por que algumas pessoas sempre dizem que precisamos economizar dinheiro, economizar dinheiro e estabelecer um limite? Por que aqueles que discutem seriamente os limites de gastos não discutem questões sociais neste país? Lulu disse.
O presidente eleito acrescentou:
— Muito do que é considerado despesa neste país precisa ser considerado investimento. É impossível cortar dinheiro das farmácias de massa em nome do cumprimento das metas fiscais, a regra de ouro.
A regra de ouro impede que os governos contraiam dívidas para pagar despesas correntes, como salários. As metas fiscais, no que lhe concerne, fornecem metas para os resultados das contas públicas. Os tetos de gastos, por outro lado, bloqueiam aumentos nos gastos federais na taxa de inflação do ano anterior. Essas são as três regras tributárias vigentes no país.
Após a repercussão negativa do discurso, ao final do dia, Lula comparou a reação do mercado ao comportamento deste governo ao longo de quatro anos:
— O mercado está ficando nervoso sem motivo. Nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. Curiosamente, durante os quatro anos de Bolsonaro, o mercado não esteve apertado.
Economistas temem que o aumento dos gastos em programas sociais além do teto de gastos abrirá caminho para gastos ainda maiores.
Eles apontam que quando os gastos aumentam descontroladamente, o risco é aumento da dívida pública, inflação e juros mais altos, o que pode impactar negativamente a economia e a própria população.
“Foi um discurso apaixonado. Deixou claro que é preciso avançar nas contas públicas, mas o que não fez foi que os países que optam por priorizar a estabilidade social hoje sofrem com maior instabilidade social. Controle fiscal descontrolado pode levar à inflação, desequilíbrios econômicos que concentram riqueza e prejudicam os mais pobres”, disse Fábio Guarda, sócio e gerente da Galapagos Capital.
Veja lista de ministérios do governo Lula
Partidos que deveriam formar a base do presidente eleito já iniciaram negociações.
Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Mizuho Bank, as declarações de Lula assemelharam-se a uma declaração de campanha que levantou preocupações entre os investidores:
— Toda a discussão de transformar o PEC começou com a ideia de que seriam necessários mais gastos para atingir determinados objetivos, mas o mercado sabia que o país já estava muito endividado. Um aumento de gastos sem contrapartida levaria a outro aumento da dívida pública e a uma trajetória insustentável da dívida.
Enquanto as bolsas de valores e o dólar americano responderam, alguns analistas viram a reação como desproporcional. Os mercados não representam os interesses das pessoas, escreveu a economista e professora da Universidade Johns Hopkins, Monica DeBoole, nas redes sociais. Ela criticou o comportamento dos investidores e as notícias econômicas.
“O mercado passou quatro anos conivente com a pior gestão econômica que o país já viu. Ele elogiou Guedes (o ministro da Economia), aceitou um orçamento secreto, mas nada disse sobre quatro mudanças no teto, sendo a última A populista e eleitoral, escreveu ele, acrescentando esperar não interferir na transição.