A Luta da Renda Fixa: sobrevivendo para mais um “round” em 2024
Com a Selic em queda e o S&P 500 quebrando novos recordes, pode parecer que a renda fixa está perdendo o seu brilho. No entanto, especialistas acreditam que ela ainda terá muito espaço no ano de 2024. A perspectiva dos juros nos Estados Unidos aparece como um ponto crítico. Para Caio Megale, economista chefe da XP, esse debate será um dos destaques do mercado neste ano.
A Conjuntura dos Juros
De acordo com Megale, os Bancos Centrais precisam estar confiantes de que a inflação retornou a níveis normais para começar a cortar juros. Divergências surgiram durante um evento financeiro realizado em janeiro. Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital Management, vê as taxas não muito altas atualmente e considera o risco de um rebote da inflação. Em contrapartida, Cathie Wood, CEO e CIO da gestora americana Ark Invest, prevê cortes mais profundos nos juros, levando as taxas para entre 3% e 2% ainda em 2024.
Oportunidades em Renda Fixa nos EUA e Europa
Numa análise voltada para investimentos no exterior, a estrategista-chefe do J.P. Morgan Asset Management, Gabriela Santos, mencionou a rentabilidade atrativa dos títulos de renda fixa emitidos pelo Tesouro norte-americano, os Treasuries, em 2024. Essa perspectiva abre oportunidades na América do Norte e na Europa. Santos sugere o investimento em papéis com vencimentos entre cinco e sete anos, que oferecem menor risco em comparação com títulos mais longos, mas ainda proporcionam uma boa rentabilidade anual.
Tomando Riscos
Em face ao consenso atual do mercado sobre os juros nos EUA e no Brasil, os especialistas consideram este um bom momento para adicionar risco à carteira, inclusive na renda fixa. Mesmo sendo uma classe mais defensiva, há ativos que pagam mais pela assunção de riscos relacionados a empresas. Isso inclui debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
Alexandre Muller, sócio-gestor da JGP, destaca que o cenário macroeconômico está se tornando mais favorável para as empresas, o que melhora os fundamentos no crédito privado. Neste sentido, empresas dos setores de saúde e saneamento foram elogiadas pelos especialistas.
Por último, Fabiano Zimmermann, gestor da ASA Investments, concorda que faz sentido aumentar o nível de risco da carteira de renda fixa, optando por sair de ativos pós-fixados e investigar títulos de inflação e prefixados oferecidos pelo Tesouro Direto.