Desempenho da renda fixa em meio à queda da Selic e recordes do S&P 500
Apesar da Selic em queda e de o S&P 500 atingir novo recorde, especialistas avaliam que ainda haverá espaço significativo para investimentos em renda fixa em 2024. Porém, o rumo dos investimentos está largamente dependente das taxas de juros dos Estados Unidos, um tema que promete ser destacado no mercado neste ano, de acordo com Caio Megale, economista chefe da XP.
Os Bancos Centrais precisam ter “confiança de que a inflação voltou para níveis normais” antes de poderem começar a reduzir as taxas de juros, afirmou Megale.
Perspectivas divergentes sobre a atuação do Federal Reserve (Fed)
O evento Onde Investir 2024, trouxe ao público duas visões divergentes sobre a próxima ação do Federal Reserve (Fed). Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital Management, acha que as taxas de juros não estão tão altas no momento e indica risco de repique da inflação. A contraponto, a CEO e CIO da Ark Invest, Cathie Wood, espera ver juros ainda mais baixos, com taxas entre 3% e 2% até o final de 2024.
Oportunidades de investimento em renda fixa no exterior
Em um painel voltado para investimentos internacionais, Gabriela Santos, estrategista-chefe do J.P. Morgan Asset Management, enfatizou que os títulos de renda fixa emitidos pelo Tesouro dos Estados Unidos, os Treasuries, continuam atraentes em 2024, gerando oportunidades nos EUA e na Europa. Santos sugere o investimento em papéis com vencimento entre cinco e sete anos, pois estes apresentam menor risco que os títulos mais longos e ainda oferecem uma boa rentabilidade anual.
Howard Marks, por sua vez, acredita que o Federal Reserve reduzirá os juros para algo entre 3% e 3,5% ao ano, o que torna os títulos de renda fixa dos EUA ainda mais atraentes para os investidores brasileiros. Marks frisa a estabilidade americana como um benefício, especialmente quando comparada com a volatilidade da economia brasileira.
A renda fixa e a adição de riscos na carteira de investimentos
Considerando o consenso atual do mercado sobre as taxas de juros nos Estados Unidos e no Brasil, especialistas veem este como um bom momento para adicionar mais risco à carteira de investimentos, inclusive na renda fixa.
A mesma classe que é considerada defensiva também apresenta ativos que pagam mais por carregarem riscos corporativos, como as debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).
A representação do crédito privado na renda fixa
Em painel que traçou as principais oportunidades da renda fixa para 2024, gestores concordaram que o mercado de crédito privado está atrativo para investimento nos próximos meses. Alexandre Muller, sócio-gestor da JGP, ressaltou que o cenário econômico favorável às empresas fortalece o crédito privado, considerando que terão menor custo para investir e mais recursos para financiar investimentos.
Companhias do setor de saúde e saneamento foram elogiadas pelos especialistas. Os setores apresentam alívio nos balanços após a pandemia e a necessidade de grandes investimentos, respectivamente.
Fabiano Zimmermann, gestor da ASA Investments, sugere aumentar o nível de risco da carteira de renda fixa, investindo em títulos de inflação e prefixados oferecidos pelo Tesouro Direto. Ele acredita que, se a proposta é assumir mais riscos, é melhor apostar nos títulos que sobraram na carteira, como o Tesouro IPCA+ ou o Tesouro Prefixado.