Vivemos em uma era digital onde as crianças estão cada vez mais imersas em jogos online. Enquanto muitos pais encaram isso como um mero passatempo, não podemos ignorar o fato de que esses games podem ser uma fonte de despesas constantes, principalmente através das chamadas microtransações. Entender e administrar esse novo comportamento de consumo é fundamental para proteger o bolso e educar financeiramente nossos filhos.
Uma experiência vivida por Nara Ward, mãe que mora em Barbados, nos serve de exemplo. Seu filho de 12 anos, Leif, ganhou US$ 200 (cerca de R$ 980) em crédito em uma loja de aplicativos como presente de Natal. Para surpresa de Nara, o dinheiro foi gasto em poucos dias, todos em moedas virtuais para incrementar seu personagem em um jogo online.
Essa não é uma realidade isolada. O mercado global de microtransações online está previsto para crescer de US$ 67,94 bilhões em 2022 para US$ 76,66 bilhões em 2023. Estas transações incluem a compra de itens estéticos, vidas extras, melhorias no personagem e novas armas, muitas vezes criando uma disparidade entre jogadores que compram e aqueles que não compram esses recursos adicionais.
Os jogos, cada vez mais, usam técnicas de psicologia comportamental para induzir os usuários a gastar. Essas técnicas incluem “diversão dolorosa” (fun pain), onde o jogador pode perder algo importante ou mais divertido se não fizer uma compra, e “técnicas de ofuscação”, que tornam difícil perceber o quanto você realmente está gastando. Além disso, há as chamadas loot boxes, caixas que contêm itens surpresa que podem ou não ser valiosos para o jogo.
Então, o que podemos fazer para combater este fenômeno?
Em primeiro lugar, é importante estabelecer limites claros. Como a mãe de Barbados fez, podemos colocar limites de gastos mensais em jogos e sempre exigir que as compras sejam aprovadas por um adulto.
Em segundo lugar, utilize as ferramentas de controle parental disponíveis. Muitas plataformas permitem definir limites de gastos e cancelar compras. Além disso, para evitar surpresas, é interessante optar por usar vales-presente em vez de cartões de crédito.
Finalmente, é fundamental conversar com seu filho sobre o valor do dinheiro e os perigos do consumo desenfreado. Mostre a eles que os gastos com jogos podem ser equivalentes a compras na vida real e que economizar é tão importante quanto gastar.
Os jogos podem ser uma fonte de lazer e desenvolvimento para nossas crianças. No entanto, como pais, precisamos estar atentos para garantir que essa diversão não se transforme em uma drenagem de recursos. Afinal, o aprendizado financeiro começa em casa e é essencial para formar adultos conscientes e responsáveis.