O governo do presidente Javier Milei anunciou nesta quinta-feira (5) novas medidas para incentivar os argentinos a reinserir na economia os dólares mantidos fora do sistema bancário. A iniciativa busca reativar um volume significativo de moeda estrangeira, estimada em bilhões, que a população poupa em casa devido à histórica desconfiança no peso local e nas instituições financeiras do país.
O esforço ganha relevância diante dos dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo, que em 2024 estimou que cerca de US$ 246 bilhões estão guardados fora do sistema bancário argentino. Para efeito de comparação, as reservas internacionais do Banco Central da Argentina somam aproximadamente US$ 38,3 bilhões, um valor consideravelmente menor.
Flexibilização e incentivos
Desde meados de maio, o governo já vinha implementando planos para atrair esses recursos. Um deles permite que pessoas com economias não declaradas utilizem o dinheiro para adquirir propriedades de até US$ 43 mil ou depositar até US$ 85 mil em investimentos a prazo fixo, sem necessidade de justificar a origem dos fundos.
O passo mais recente foi dado pela Unidade de Informação Financeira (UIF) e publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (5). A medida flexibiliza os controles existentes sobre a compra de veículos, imóveis e a realização de depósitos bancários em dinheiro. Essa desburocratização visa facilitar o uso dos dólares poupados pela população em transações formais.
Impacto na economia
A grande quantidade de dólares fora do sistema bancário representa um desafio macroeconômico para a Argentina. A ausência desses fundos nos bancos centrais limita a capacidade do país de realizar importações essenciais para o funcionamento e crescimento da economia.
Adicionalmente, manter dólares parados em casa compromete um dos pilares para a estabilidade do país: a capacidade do banco central de atuar para estabilizar a taxa de câmbio, um problema crônico na economia argentina ao longo da última década. As medidas de Milei buscam, portanto, reverter esse quadro e fortalecer as finanças nacionais.
