O pacote de cortes de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entre a quarta e a quinta-feira, provocou uma forte queda no mercado financeiro. O índice Ibovespa despencou, voltando ao patamar de 124 mil pontos, enquanto o dólar superou a marca de R$ 6 pela primeira vez na história. O clima de pessimismo perdurou na sexta-feira, 29.
Os contratos de juros futuros (DIs) dispararam, refletindo a crescente desconfiança dos investidores em relação à economia brasileira. A alta nas taxas de juros de prazos mais longos sugere que o Brasil é visto como um investimento de maior risco, enquanto o aumento nas taxas de prazos mais curtos indica a expectativa de um aumento mais agressivo da taxa Selic pelo Banco Central em suas próximas reuniões.
Embora algumas medidas do pacote tenham sido bem recebidas por economistas, que reconhecem a direção correta do governo, a maioria considera o pacote insuficiente para o reequilíbrio das contas públicas. A decisão de anunciar a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil foi interpretada como uma medida populista e pode ter alimentado a percepção de que o governo não está totalmente comprometido com o ajuste fiscal.
Como consequência, o mercado antecipa um aumento mais acentuado da Selic para conter a inflação gerada pela alta do dólar e pela nova demanda que a isenção de IR pode gerar.