A temporada de resultados do segundo trimestre de 2025 das construtoras na bolsa de valores brasileira segue aquecida, com grande parte do mercado já consolidando valorizações de dois dígitos. Contudo, a expectativa agora se volta para as companhias que ainda vão apresentar seus balanços, como MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3) e Cyrela (CYRE3), que divulgam seus números nesta semana crucial.
Até o momento, empresas como Cury (CURY3), Tenda (TEND3), Plano&Plano (PLPL3), Eztec (EZTC3), Mitre (MTRE3) e Lavvi (LAVV3) já trouxeram seus resultados. O foco principal do setor tem sido o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que teve sua Faixa 4 expandida este ano, permitindo a compra de imóveis de até R$ 500 mil. Esse cenário impulsiona as expectativas e direciona as análises para as empresas com forte atuação no segmento de baixa renda.
Destaques e Expectativas para o Setor de Baixa Renda
A Direcional (DIRR3) é uma das mais aguardadas e “queridinhas” entre analistas. Com a divulgação de seus resultados nesta segunda-feira (11), a expectativa é de uma sólida expansão na receita, projetada pelo Santander para alcançar R$ 1,1 bilhão, um avanço de 25,4% em relação ao ano anterior. A XP, por sua vez, estima um aumento de 3,6 pontos percentuais (p.p.) na margem bruta, que mede o lucro da empresa sobre a venda de um produto, excluindo apenas os custos diretos de produção. A projeção é de 41,4%, impulsionada por custos de materiais controlados e boa rentabilidade de projetos recentes. O lucro líquido da Direcional pode crescer 35% ano a ano, chegando a R$ 182 milhões, mesmo com menor participação em lançamentos.
Já para a MRV (MRVE3), as projeções não são tão otimistas para este trimestre. O Santander prevê um trimestre mais fraco, com as atenções voltadas para a operação brasileira, que deve mostrar melhorias contínuas e receita líquida consolidada de R$ 2,6 bilhões. A XP estima um lucro líquido ajustado de R$ 69 milhões. Contudo, a operação nos Estados Unidos, a Resia, continua sendo um desafio e pode levar a um prejuízo líquido de R$ 717 milhões para o grupo sem considerar essa unidade. Apesar disso, a receita líquida da MRV no Brasil deve crescer 10% na base anual, chegando a R$ 2,51 bilhões, com avanço da margem bruta para 30,2%.
Balanços de Outras Grandes Construtoras
Fora do segmento de baixa renda, a Cyrela (CYRE3) deve apresentar resultados robustos. A XP projeta uma expansão de 17% na receita líquida, atingindo R$ 2,18 bilhões, impulsionada pelo aumento das pré-vendas e reconhecimento de receita de backlog. A margem bruta da Cyrela é esperada para se manter estável. O Santander também prevê um balanço sólido para a empresa.
Outras companhias também se destacam na temporada. A Cury (CURY3), por exemplo, impressionou o mercado no segundo trimestre, especialmente com sua rentabilidade, medida pelo ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido), que alcançou 70% – um avanço de 8,1 p.p. ano a ano. Esse indicador revela a capacidade da empresa de gerar lucro a partir do capital investido pelos acionistas, mostrando eficiência. A Tenda (TEND3), apesar de um lucro líquido que saltou mais de 4.430%, para R$ 203,9 milhões, ficou abaixo das expectativas de alguns bancos devido a efeitos de operações financeiras. Sem esses efeitos, o lucro seria de R$ 77 milhões, impactado por margens brutas menores e despesas maiores.
A Plano & Plano (PLPL3) apresentou resultados em linha com as projeções, apesar de uma queda de 12% no lucro líquido, para R$ 84 milhões, afetado por maiores participações minoritárias. Seus pontos fortes foram a expansão da receita e a contribuição do programa Pode Entrar. No segmento de alta e média renda, a Eztec (EZTC3) mostrou números fortes, com aumento de 8% na receita líquida, impulsionada por venda de terrenos e liberação de projetos. A Lavvi (LAVV3) também registrou resultados sólidos, com crescimento de 9% no lucro líquido, para R$ 119 milhões.
Moura Dubeux (MDNE3) e JHSF (JHSF3) também são esperadas para divulgar bons balanços, enquanto Trisul (TRIS3) e Melnick (MELK3) devem ter resultados neutros. A Even (EVEN3), por sua vez, deve apresentar cifras mais desafiadoras, segundo a corretora XP.
O bom desempenho de grande parte do setor de construção civil reflete o aquecimento do mercado imobiliário, especialmente no segmento de baixa renda, beneficiado pelas políticas de incentivo e pela demanda habitacional. Acompanhar de perto esses balanços é essencial para entender os rumos do mercado e as perspectivas para o investimento no setor.
