O mercado financeiro, por vezes, parece um emaranhado de informações complexas. No entanto, o desafio é sempre descomplicar para quem acompanha e investe. Nesta semana, o Ibovespa reflete um cenário de múltiplos fatores: a divulgação de balanços corporativos de peso, como o do Itaú Unibanco, e o início da aplicação do “tarifaço” de Donald Trump, que abala as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Ao mesmo tempo, os olhos dos investidores permanecem atentos aos movimentos políticos em Brasília.
A temporada de balanços do segundo trimestre segue a todo vapor, trazendo luz sobre a saúde financeira das grandes empresas. Um dos destaques é o Itaú Unibanco (ITUB4), que apresentou resultados robustos e recuperou a liderança nas carteiras recomendadas de ações para agosto, segundo levantamento do Seu Dinheiro junto às principais corretoras do país. Essa análise, que busca simplificar as opções de investimento, seleciona os papéis indicados por pelo menos duas casas de análise, oferecendo um guia prático para o investidor.
Impacto das Tarifas de Trump
O cenário internacional adiciona uma camada de complexidade com o início do “tarifaço” imposto por Donald Trump. Mais de 3.800 produtos brasileiros, que representam cerca de um terço das exportações nacionais para os EUA, agora enfrentam sobretaxas. A medida, que visa pressionar as relações comerciais, já acende um alerta para setores como o de carne e café, embora haja especulações sobre uma possível flexibilização para esses produtos nos próximos dias. O governo brasileiro, inclusive, já estuda um pacote de socorro para as exportadoras mais afetadas.
Apesar do ruído gerado pela guerra comercial e pela tensão política em Brasília, com a obstrução da Câmara e do Senado por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Ibovespa demonstrou resiliência, fechando em leve alta na última terça-feira. Além dos balanços e das tarifas, os investidores acompanham de perto a balança comercial brasileira de julho e as futuras aparições públicas de figuras-chave como o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O ambiente político, com debates sobre temas como o Pix e a taxa Selic, que atualmente está em 15% ao ano, continua a moldar as expectativas do mercado.
Perspectivas e Outras Empresas
No universo corporativo, outros balanços também movimentam o mercado. A BB Seguridade (BBSE3) entregou resultados sólidos, mas revisou suas projeções futuras, enquanto o Bradesco (BBDC4) busca um ROE de 20% até 2026, impulsionado por um “número mágico” que surpreendeu analistas. O Mercado Livre (MELI34), mesmo com lucro abaixo do esperado, viu suas ações subirem devido à estratégia agressiva de frete grátis. A fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) foi aprovada pelos acionistas, aguardando agora o aval do Cade para criar uma nova gigante de alimentos.
Já a Hapvida (HAPV3) registrou alta com a retomada do crescimento no número de beneficiários, e a Klabin (KLBN11) apresentou resultados mistos, com lucro forte, mas Ebitda ajustado abaixo do esperado. A Ambipar (AMBP3) disparou após o desdobramento de ações, visando maior liquidez. Enquanto isso, o Bitcoin (BTC) enfrenta uma tempestade macroeconômica, caindo para US$ 113 mil em meio a tarifas e sinais de desaceleração global, um lembrete da interconexão entre diferentes mercados.