As ações do Magazine Luiza (MGLU3) surpreenderam o mercado nesta segunda-feira (11), assumindo a liderança do Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, com valorização superior a 4% no início do pregão. Este movimento de alta ocorre poucos dias após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2025 (2T25), que havia gerado uma queda expressiva no pregão anterior.
Apesar da alta, o desempenho recente da companhia tem sido um ponto de atenção. No último pregão, os papéis MGLU3 caíram mais de 5% devido à forte retração no lucro líquido ajustado, que alcançou apenas R$ 1,8 milhão no 2T25, uma redução de 95,3% na comparação anual. Sem ajustes para despesas não recorrentes, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 24,4 milhões, revertendo o lucro de R$ 23,6 milhões do mesmo período em 2024.
O que dizem os analistas sobre MGLU3
Por volta das 13h (horário de Brasília), a MGLU3 mantinha um avanço de 2,84%, cotada a R$ 7,24. Acompanhando o cenário, quatro dos seis analistas consultados mantêm uma recomendação neutra para a varejista. O Itaú BBA, por exemplo, reconhece a melhora nos resultados operacionais do Magalu, com destaque para a expansão da margem Ebitda, um indicador importante da eficiência operacional de uma empresa.
Entretanto, o patamar elevado da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15%, permanece como um desafio significativo para os lucros da companhia e para o setor de varejo como um todo. A Selic, que serve de referência para todas as demais taxas de juros no Brasil, impacta diretamente o poder de compra e o endividamento das famílias.
Estratégia do Magalu em cenário de juros altos
Diante desse ambiente de juros altos e endividamento familiar, o crescimento do varejo continua desafiador. Analistas preveem uma desaceleração nas vendas para o segundo semestre, o que reforça a cautela do mercado. O Magazine Luiza, por sua vez, tem focado em estratégias para mitigar os efeitos da Selic elevada, buscando resiliência por meio de seu ecossistema.
A empresa aposta na integração entre e-commerce, marketplace e lojas físicas. No último trimestre, o setor físico, que representa as raízes da companhia, foi um dos principais destaques. Essa diversificação e o desenvolvimento de plataformas de serviços são vistos pela varejista como motores para resultados mais consistentes e um negócio menos vulnerável aos ciclos econômicos.
“Mesmo com esse patamar de juros, conseguimos entregar lucro. Era algo impensável há 3, 4 anos, uma empresa como a Magalu entregar lucro com esse patamar de juros”, afirmou Lucas Ozorio, gerente de RI da companhia, ressaltando o “dever de casa” feito na expansão do ecossistema, evolução de margens, disciplina financeira e controle de eficiências, incluindo a Luizacred.