O interesse dos investidores em empresas brasileiras está em alta, mas a escolha pela abertura de capital no exterior, especialmente nos Estados Unidos, permanece como um desafio significativo a ser enfrentado pelo Brasil. “Estamos observando companhias fazendo IPOs fora do país. O verdadeiro desafio é incentivá-las a abrir capital nos mercados locais, em vez de diretamente em mercados estrangeiros”, afirmou Axel Christensen, estrategista-chefe da BlackRock para América Latina, durante um evento promovido pela Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em parceria com a B3, em São Paulo.
Nos últimos anos, empresas brasileiras como Vitru (VTRU3), Stone (STOC31) e Pagseguro (PAGS34) escolheram realizar seus IPOs nos Estados Unidos, embora algumas tenham posteriormente migrado suas ações para a B3, a bolsa de valores brasileira. A preferência por mercados estrangeiros reflete uma maior confiança em potencial de crescimento sustentável e menos volatilidade em comparação com o mercado brasileiro.
Christensen destacou que a dificuldade de promover um crescimento econômico sustentável a longo prazo no Brasil é um fator que complica a atração de investidores. Ele reconheceu que, no curto prazo, o crescimento econômico do Brasil tem sido considerável, mas também mencionou que o país fica atrás de outros mercados emergentes e desenvolvidos em termos de estabilidade e crescimento sustentável a longo prazo. Essa insegurança afasta investimentos estrangeiros focados em horizontes mais prolongados.
Daniel Popovich, gestor de portfólio da Franklin Templeton Brasil, presente no mesmo painel, também discutiu as perspectivas de investimento no país. Ele salientou que a visão dos investidores tendem a ser mais tática, focada em resultados de curto prazo. No entanto, com a implementação de reformas importantes, como a reforma trabalhista e parte da tributária, bem como a democratização dos investimentos e a redução da taxa Selic, Popovich acredita que o Brasil tem potencial para se tornar um exemplo de história de crescimento.
“Se continuarmos vendo mais reformas e um maior comprometimento político, podemos criar um ambiente favorável para uma reavaliação positiva dos preços no mercado brasileiro, atraindo investidores para posições overweight (acima da média de mercado) no Brasil”, concluiu Popovich.