A Eletrobras (ELET3;ELET6) anunciou nesta segunda-feira a conclusão da venda de seu portfólio termelétrico para a Âmbar por R$ 4,7 bilhões. Dessa quantia, R$ 3,5 bilhões serão pagos à vista e R$ 1,2 bilhões serão pagos como earn-outs, onde os vendedores recebem uma parte do valor total com base no desempenho do negócio após a aquisição. A empresa também comunicou que dívidas ou caixa existentes no portfólio de termelétricas não serão transferidos para a Âmbar.
A transação inclui a transferência dos contratos da Eletrobras com a Amazonas Energia, que atualmente deve R$ 430 milhões à Eletrobras por trimestre. Além disso, foram firmados dois acordos: no primeiro, em caso de mudanças no controle da Amazonas Energia, a Eletrobras transferirá todos os créditos ativos associados à Amazonas em troca de uma opção de compra da distribuidora. No segundo acordo, ambas as partes ajustaram a opção de compra do complexo eólico Baleia, permitindo à Eletrobras o direito total a indenizações de seguro associadas ao ativo.
O JPMorgan avaliou a venda como neutra quanto ao valor, mas considerou muito positiva para a mitigação de riscos. Segundo o banco, a venda está alinhada com a estimativa de R$ 3,3 bilhões ao excluir os earn-outs, contribuindo para uma estratégia de descarbonização. Outro aspecto positivo, de acordo com o JPMorgan, é a mitigação dos riscos relacionados a recebíveis da Amazonas, que serão transferidos para a Âmbar. A dívida total da Amazonas Energia com a Eletrobras é de R$ 7,3 bilhões, com um acréscimo de R$ 430 milhões inadimplentes por trimestre, impactando significativamente os resultados da Eletrobras.
“A eliminação de uma potencial perda de R$ 1,7 bilhão por ano melhora a situação financeira da empresa”, comentou o JPMorgan.
O Itaú BBA também elogiou o negócio, reiterando classificação outperform e preço-alvo de R$ 59,60 para a ação ordinária da Eletrobras. O BBA destacou a robustez das transações e a abordagem eficaz de questões significativas de crédito.
Na semana anterior, a Eletrobras levantou R$ 10,9 bilhões para aumentar sua liquidez de curto prazo e posicionar-se melhor para oportunidades emergentes. O BBA observou que esse movimento pode indicar progresso em uma potencial resolução de disputas de direitos de voto com o governo federal, que pode exigir até R$ 20 bilhões em pagamentos relacionados à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Além disso, o possível desinvestimento de participações minoritárias em outras empresas poderia gerar cerca de R$ 5 bilhões adicionais. Juntamente com os recursos da emissão de dívida e venda de ativos, a Eletrobras teria os fundos necessários para a quitação de compromissos. No entanto, não há confirmação oficial de um acordo até o momento.
O Bradesco BBI também avaliou a transação positivamente, destacando a redução nos riscos de negociação com a Amazonas Energia, que tem sido uma parte significativa das receitas das termelétricas. Com o desinvestimento, o portfólio da Eletrobras tornará-se predominantemente composto por geração 100% renovável, com exceção de sua participação minoritária nas usinas nucleares de Angra, controladas pelo governo federal. Esta é uma retirada complexa, devido à construção do projeto greenfield de Angra III, acordado durante a privatização da Eletrobras.
Após a venda, a alavancagem da Eletrobras deverá manter-se estável, com a entrada de R$ 4,7 bilhões em caixa. O Bradesco BBI mantém a classificação de compra para ELET6 e um preço-alvo de R$ 59.